Cultura de paz na escola

No segundo dia do I Seminário Interdisciplinar do CERMN (terça-feira, 08/02), recebemos o Pe. Júlio, da Paróquia do Campo Limpo, Arquidiocese de Feira de Santana, para falar sobre “Cultura de paz na escola”. Num tempo em que fala e se pratica tanta violência, as reflexões trazidas por Pe. Júlio deram vazão a muitos questionamentos.


Inicialmente, ele falou sobre a importância da leitura para a construção da cultura da paz: leitura dos sinais, das ações, de como estamos interagindo com o mundo, lendo os sinais para interferir na mudança da realidade. Esse, para ele, seria o primeiro grande caminho para construir a cultura da paz: formar grandes leitores. O capital cultural, a formação dos princípios e valores interferem sobremaneira na construção das relações coletivas.
“Cada um lê com os olhos que tem e interpreta onde os pés pisam... Todo ponto de vista é a vista de um ponto”. [Leonardo Boff]
A construção da cultura da paz depende do nosso olhar, da nossa inquietação.

O desafio está, então, em mudarmos nosso olhar, em aprender a olhar para ver a felicidade nas pequenas coisas, em aprender a despertar os sentidos para compreender o mundo, a não se acostumar, porque acostumar-se é acomodar-se.

Nesse sentido, a escola tem papel fundamental na gestação da cultura da paz. A escola tem que ensinar a expandir o olhar. A subutilização desse potencial deixa “águias viverem como galinhas”.

A sociedade em que vivemos não promove a paz. E muitas vezes utiliza do discurso da paz, para promover a violência. A indústria do medo vitimiza nossos jovens. Abandono da escola, dificuldade para obter emprego, parcas opções de cultura e lazer, todas essas limitações conduzem muitos deles à prática da violência, às penas judiciais e à morte.

As relações vivenciadas no ambiente escolar são um recorte das relações sociais mais amplas: o individualismo, a superficialidade, a falsidade, a falta de solidariedade. A competitividade da vida moderna gera a cultura da violência. A escola deve ser o espaço da potencialização dos valores, da neutralização dos contra-valores , do fortalecimento dos vínculos e das relações comunitárias, da participação social, da responsabilidade ambiental, do cuidado recíproco.

Para isso, trazer temas da realidade para a dentro da sala de aula e mudar a perspectiva do olhar nas pequenas ações do dia-a-dia são fundamentais para a formação cidadã (responsabilidade pessoal e coletiva). Essa é a grande missão de todos os educadores e educadoras: educar para novas relações e novos comportamentos.

Construir uma cultura de paz é o grande desafio do nosso tempo.

E falar de paz já é um começo! Vamos começar juntos?

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